terça-feira, 14 de abril de 2015

Vontade de potência e o Jeitinho brasileiro



"Esse mundo é a vontade de potência - e nada além disso!"

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche desenvolveu um conceito interessante chamado Vontade de potência, o qual seria a busca incessante de todo ser em superar-se, expandir-se, tornar-se maior.
Esse conceito nietzschiano parece ser fortemente demonstrado em nossa sociedade. Dito de uma forma mais clara, o famoso jeitinho brasileiro é a constatação da Vontade de potência.
Ao furar uma fila, desrespeitar o sinal de trânsito, subornar o guarda, a Vontade de potência é demonstrada. Ou seja, o jeitinho brasileiro é uma afirmação do indivíduo em relação aos demais indivíduos que compõem a sociedade.
O indivíduo que ao deparar-se com uma regra de convívio social (ética ou jurídica) a quebra a fim de mostrar-se mais forte, está demonstrando a sua Vontade de potência, isto é, ao fazer-se mais forte, o indivíduo busca o constrangimento dos sujeitos mais fracos.
Sendo assim, o jeitinho brasileiro é a superação dos mais fortes em relação aos mais fracos (impotentes), e o passo das corrupções diárias pelo nosso "jeitinho" à corrupção política é muito menor do que se imagina.
Ao subornar um guarda ou passar a perna em um colega de trabalho para ganhar uma promoção, busca-se o aumento da sua potência. Da mesma forma, ocorre com o político que toma para si o dinheiro público. Ou seja, todos dizem sim para a Vontade de potência latente em si.
Então, se há uma Vontade de potência intrínseca a todo ser (não, apenas nos humanos, basta lembrar do reino animal) como controlá-lo a fim de que haja uma relação igualitária entre as pessoas, e não uma superação de um indivíduo por outro?
Em tempos de crise do Estado, essa discussão parece-me pertinente, pois sempre que há uma discussão sobre política, alguém diz "se fosse você no lugar dele também não roubaria?", o que esse indivíduo quer dizer é " quem não quer aumentar a sua Vontade de potência?".
Em outras palavras, o homem não quer apenas conserva-se, adaptar-se, como propunha Darwin, mas, expandir-se e dominar.
Assim, não encerro com uma resposta, pois, em verdade, não a tenho, mas deixo a reflexão: será possível o homem abdicar da sua Vontade de potência, da sua individualidade, do seu conatus em prol do bem comum?

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