quinta-feira, 19 de maio de 2016

Ela tem pernas tortas que me levam aos caminhos sinuosos do seu coração



Sei que não sou filho de rei, não sou grandioso ou muito adequado. Sou somente um mero agricultor que planta poesias e observa com mansidão e serenidade o florescer de amores. Tratarei, então, de plantar com carinho todo verso que ecoa na minha veste interior, para que o meu amor por ti se renove a cada estação.

Não tenho medo de fincar raízes. Quero-as fincadas no meu quintal, para que eu possa contemplá-las todos os dias pela manhã ao abrir a janela do quarto na companhia do sol. Quero saborear todas as suas birras e suas loucuras. Quero tê-la por inteiro, tocando profundamente nos recantos mais longínquos da sua alma. 

Posso não ter dinheiro, mas não me faltam amor e vontade de descobrir cada mistério que te cerca. Quando estiver brava pode me jogar na parede e descarregar sua torrente de emoções, te abraçarei forte e farei de tudo para o teu mar de angústias se acalmar. Se isso não for suficiente, não se esqueça de que sussurrarei no teu ouvido bobagens para que possa sorrir e sentir-se amada.

Não preciso de muita coisa, só eu, você e guardar a infinitude do tempo em uma garrafa vazia para que eu possa beber da felicidade outra vez. Felicidade que estará sempre em uma flor, com um pouquinho de água em cima da mesa.

Você tem pernas tortas que me levam aos caminhos sinuosos do seu coração. Caminhos de loucura que anseio, como uma porta entreaberta a espera de uma batida que alegre o morador que repousa na mansidão da ternura. 

Com você sinto uma paz que jamais senti. Você tem esse dom de acalmar a minha alma. Mas também, adoro as suas estranhezas que fazem eu me sentir vivo. Você sempre diz que eu tenho os olhos bonitos, deve ser porque, mesmo no silêncio, eles continuam dizendo que te amo.

Não tenho medo da intimidade e de ficar vulnerável, porque nesse amor já estou entregue e não tenho medo de me ferir; tenho apenas, de não vivê-lo. Pode abrir a porta, já estou aqui. Vem balançando os teus cabelos negros feitos de linho e forma comigo um amálgama das nossas belezas e estranhezas. Abraça-me e fecha os olhos para que possa sentir os compassos harmônicos dos nossos corações. Guarda esse som e lembra-te que essa é a melodia do nosso amor.

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