O homem
parece sentir enorme dificuldade em abdicar do seu eu para pensar no outro. A
desimportância que o outro tem em nossas vidas é algo que nos afasta de toda
proximidade conseguida através da tecnologia que vivemos nos gabando. Essa
falta de generosidade se exacerbou na contemporaneidade, em que o egoísmo e o
individualismo se tornaram valores quase morais, necessários à sobrevivência
dos mais "fortes".
Pascal
dizia: “Como o
coração do homem é oco e cheio de lixo. Porque quase sempre esta cheio de si
mesmo”. Ao deixarmos de pensar no outro, deixamos de encará-lo como um
ser humano, como alguém semelhante a nós e, assim, não apenas o desqualificamos
como merecedor do nosso olhar, mas também, nós mesmos.
Não se
trata de abdicar da sua individualidade ou viver uma vida como a de cristo, mas
de perceber que existe algo além de nossos próprios prazeres, de nosso eu e que
não há possibilidade de vida justa sem generosidade. Estender a mão para ajudar
alguém que está em uma situação mais difícil que a nossa demonstra a nossa
capacidade de ir além da escravidão do ego e fazer uma coisa pelo ato em si.
É bom que
se esclareça a diferença entre ser generoso e ser generoso social, isto é,
aqueles que ajudam outras pessoas no intuito de “ficarem bem na fita”, são as
pessoas que Kundera chama de “dançarinos”. Para ele, essas pessoas fazem
pseudo-generosidades, a fim de receberem o glamour que esses atos produzem. Ser
generoso, então, implica desprendimento de si próprio, ou seja, ajudar o outro
pelo ato da generosidade e não porque será visto como benevolente.
No
entanto, estamos quase sempre com o olhar em uma única direção, de modo que não
conseguimos perceber, para lembrar Saramago, a responsabilidade de ter olhos
quando os outros os perderam. Vivendo nossas vidinhas burocratizadas e
hedonistas, esquecemos que na vida todos nós, em certo momento, precisamos da
generosidade.
Seja com
coisas simples, como um sorriso, um elogio ou uma ajuda com uma informação, a
generosidade pode ser exercida e todos nós precisamos. Alguns podem achar os
exemplos supracitados muito pequenos, mas se analisarmos cuidadosamente,
perceberemos que grandes atos começam com pequenos atos, além do que, quantas
vezes nós fazemos de bom grado e por vontade própria essas coisas?
Ao
contrário do que pregam, ser egoísta não demonstra força, mas antes,
mesquinharia e avareza, de quem podendo dar, preocupa-se tão somente em
acumular. Não sabem estes que a generosidade, assim como o amor é um ato
criativo, é uma potência que gera potência como acentuam Spinoza e Erich Fromm.
Dessa forma, quando sou generoso verdadeiramente, quando prescindo do meu eu e
dou-me ao outro, não posso deixar de regozijar-me na felicidade que a
generosidade traz, uma vez que:
“Ser generoso é ser livre de si, de suas pequenas covardias, de suas pequenas posses, de suas pequenas cóleras, de seus pequenos ciúmes.”
A
generosidade só possui significado para aqueles que conseguem ter uma
existência que transcenda a si mesma, para que possa dar as mãos e ajudar quem
precisa, sobretudo, nos momentos mais duros, bem como, ter o coração aberto
para um ombro generoso que acolha as lágrimas que permeiam a vida.
Opa Erick, Beleza ? Amigo to achando muito que o tema de redação do enem desse ano vai ser no âmbito da democracia, teria como escrever algo sobre, logicamente quando puder !? Independente da resposta, Abraço..
ResponderExcluirOlá, tudo bem! Claro, futuramente publicaremos algo sobre o tema.
ExcluirAbraços!